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50 Livros para a Liberdade

17-01-2024

50 Livros para a Liberdade

No ano em que se celebram 50 anos do 25 de abril, a Biblioteca da NOVA FCT dá destaque a livros proibidos e a livros sobre a liberdade. Durante 50 semanas, partilharemos 50 livros.
Se tiverem sugestões, podem enviá-las para div.bac.helpdesk@fct.unl.pt

Livros em destaque:

Em "Ratos e Homens" de John Steinbeck, dois imigrantes vagueiam a California da Grande Depressão em busca de emprego. Louvado pelo seu valor literário e parte integral do currículo em várias escolas anglofonas, a obra tem no entanto sido controversa desde a sua publicação. Os temas abordados em particular, levaram a que tenha sido banida e censurada em diversas escolas e bibliotecas, especialmente nos Estados Unidos, ficando consistentemente perto do topo das listas de livros mais Banidos/Censurados da American Library Association.

 

O "Manifesto Comunista", por Karl Marx e Friedrich Engels, codificou uma das ideologias políticas mais importantes da atualidade. Baseado no conceito de Materialismo Histórico proposto por Marx e influenciado pela dialética Hegeliana, o Comunismo espalhou-se por vários grupos revolucionários, particularmente na Europa. Na Rússia, leva à formação da União Soviética, a superpotência que viria a disputar a hegemonia mundial com os EUA durante a segunda metade do século XX, contribuíndo para a difusão da ideologia por todo o globo. Pelo seu radicalismo e perigo de revolução que representava, o Comunismo e as obras relacionadas foram proibidas por diversos regimes, incluindo o Estado Novo.

 

"Os Versículos Satânicos" de Salman Rushdie é um romance de realismo mágico que segue a história de dois imigrantes indianos no Reino Unido numa narrativa que aborda vários temas religiosos, incluíndo uma passagem controversa do Corão e das primeiras biografias de Maomé. A obra foi considerada blasfémica por parte de extremistas islâmicos, inclusive com a declaração de uma fatwa por parte do Irão em 1989, direccionada ao autor e a todos envolvidos com a publicação da obra. Em 1991, o tradutor japonês da obra, Hitoshi Igarashi, foi assassinado. Em 1993, 37 pessoas morreram no que ficou conhecido como o "massacre de Sivas", o alvo era Aziz Nesin, que tentara publicar a obra na Turquia. O próprio autor é alvo regular de repetidas tentativas de homícidio, e muitos outros, principalmente tradutores e editores, foram igualmente alvos de ataque por extremistas.

 

"A Urgência da Palavra Impressa" é uma obra de não-ficção da autoria do historiador Jorge Ramos do Ó e do sociólogo Rui M. Gomes. Incide sobre os movimentos de resistência dos jovens estudantes nos ultimos anos da ditadura do Estado Novo, particularmente sobre como apesar da perseguição a que eram sujeitos, conseguiram publicar e divulgar clandestinamente material subversivo e de oposição à Guerra Colonial e às poltiicas do Estado Novo. Um olhar sobre uma geração que lutou por uma liberdade de expressão agora dada como garantida.

 

 

"Os 120 Dias de Sodoma" de Donatien Alphonse François, Marquês de Sade, é uma obra extremamente gráfica e controversa, sendo igualmente pornografia e sátira social. O seu autor, um defensor da liberdade radical e libertinagem, foi preso várias vezes ao longo da sua vida devido ao seu comportamento sexual, pelo conteúdo explicito das suas obras e pelas suas opiniões políticas. Esteve preso na Bastilha, pouco antes da sua destruição, onde escreveu o manuscrito desta obra.

Participou também, ativamente, na revolução francesa e em governos subsequentes mas mesmo assim continuou a ser alvo de polémica e censura. Acabou por ser declarado louco e passou os seus últimos anos na prisão.

 

"Mulheres da Clandestinidade: Os testemunhos de uma experiência única", de Vanessa de Almeida, apresenta a perspetiva feminina da luta contra ditadura do Estado Novo.

Enfrentando os seus próprios obstáculos e colocadas em segundo plano, pela sociedade em geral, as mulheres da resistência foram no entanto essenciais na luta pela democracia.

 

 

No Dia Mundial da Língua Portuguesa, agora sem palavras censuradas, damos destaque ao livro "Era uma vez o 25 de Abril", onde José Fanha reconta a história da revolução de uma forma dinâmica, "como quem conta uma história fantástica e complexa, heroica, divertida e contraditória, mas maravilhosa e verdadeira".Especialmente indicado para um público mais jovem.

 

"As Novas Cartas Portuguesas", publicada em 1972 pelas "Três Marias" (Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa), é uma denúncia da situação opressiva da Mulher em Portugal do Estado Novo.

O formato intimista reforça a mensagem revolucionária da obra, que é um marco para o feminismo português e extremamente controverso no seu tempo. Após publicação, a obra foi considerada deletéria ao regime, proibida pela censura e foi aberto um processo contra as autoras.

 

 

"O Eternauta" de Héctor Germán Oesterheld é uma BD revolucionária, publicada primeiro nos anos 50, recebendo um remake e uma sequela em 1969 e 1976 respetivamente.

O remake e a sequela, foram uma resposta à opressão da ditadura do Processo de Reorganização Nacional na Argentina. Recusando-se a ser silenciado ou a fugir do país, o autor, bem como toda a sua família, foram mortos pelo governo argentino. Hoje a sua obra é reconhecida, internacionalmente, como um marco para a banda desenhada, tanto em conteúdo como graficamente.

 

"Geração D - da Ditadura à Democracia" de Carlos Vale Ferraz é um romance autobiográfico que narra, na primeira pessoa, a experiência da geração nascida após a 2ª Guerra Mundial, a geração que foi atirada para a guerra colonial portuguesa e que, posteriormente, contribuiu na luta pela democracia e o fim do Estado Novo.

 

 

 

 

A "História da oposição à ditadura" de Irene Flunser Pimentel retrata os sucessos e fracassos de uma oposição oprimida pela sucessivas ditaduras portuguesas, começando pela Ditadura Militar em 1926 e até ao fim do Estado Novo em 1974.

A autora é historiadora e especializada no estudo do Estado Novo, é investigadora do Instituto de História Contemporânea da FCSH da NOVA @ireneflunserpimentel

Livro disponível nas Bibliotecas da NOVA FCSH.

 

 

"Daqui Ninguèm Passa" de Isabel Minhós Martins e Bernardo P. Carvalho apresenta, numa linguagem acessível e divertida, conceitos como autoritarismo, ditadura, revolução. Na verdade um livro para todos os públicos.

2 de abril Dia Internacional do Livro Infantil

 

 

"Esteiros" de Soeiro Pereira Gomes foi publicado em 1941, com capa e ilustrações de Álvaro Cunhal. Este romance destaca a profunda desigualdade e injustiça social da sociedade portuguesa da época, retratando o trabalho infantil na vila de Alhandra, na qual o autor viveu. Soeiro Pereira Gomes foi militante comunista, viveu clandestinamente até 1949, data em que sucumbiu ao cancro do pulmão. Parecer do leitor dos Serviços de Censura em 1966.

“Este livro é a 5.ª edição dum romance que apareceu em 1941 e tem já portanto 25 anos de existência. É um romance regionalista de análise crítica da vida miserável das populações ribeirinhas do Rio Tejo na zona das Lezírias, fazendo realçar a injustiça, a exploração da miséria, resultado das desigualdades sociais, no que o livro não é justo, mas antes especula. (...) Julgo por isso que este livro deveria ter sido proibido quando apareceu, mas agora deve ser ignorado, pois que a proibição agora só servia à sua propaganda no nosso meio, que o poderia ignorar.” Livro disponível na Sala Amarela (Piso 0).

 

Em "O Ano da Morte de Ricardo Reis", José Saramago relata a vida do heterónimo de Fernando Pessoa após a morte do seu autor original. Através desta personagem, Saramago mostra o ambiente opressivo de Lisboa nos anos 30 e os inícios da perseguição política feita pelo Estado Novo através da PIDE. Livro disponível na Sala Amarela (Piso 0).

 

Dinossauro Excelentíssimo de José Cardoso Pires é uma crítica satírica ao Estado Novo, publicada em 1972.

Apesar do seu conteúdo, a obra escapou à censura e perseguição, alegadamente para ser usada como exemplo da suposta liberdade do Estado Novo e ofuscar a opressão do regime à cultura. Livro disponível na Sala Amarela (Piso 0).

 

"Os Subterrâneos da Liberdade" de Jorge Amado é uma trilogia que retrata o Brasil durante o regime de Getúlio Vargas, publicado em 1954 é uma severa crítica do Estado Novo brasileiro.

"Os Ásperos Tempos" conta o início do regime e retrata um poder politico submisso a interesses das elites económicas "Agonia da Noite" passa-se durante a 2ª Guerra Mundial, denunciando a perseguição sofrida pela resistência ao regime "A luz no Túnel", por fim, foca-se na resistência comunista e no seu líder Luís Carlos Prestes, a perseguição política que sofreu e o cárcere a que foi sujeito.

Jorge Amado esteve exilado no Uruguai e na Argentina, entre 1941 e 1942, por causa da sua obra literaria e posicionamento político. Livro disponível na Sala Amarela da Biblioteca (Piso 0)

 

 

Em resposta ao encerramento do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas pelo Estado Novo, Maria Lamas expõe a condição da mulher na sociedade portuguesa da época através de 15 fascículos publicados entre 1948 e 1950. na qual é firmemente refutada a ideia da "mulher caseira" usada na propaganda do Governo.

 

Um Longo Caminho para a Liberdade é a autobiografia de Nelson Mandela.

Publicada em 1994, o ano em que  Mandela se torna no 1º presidente negro da África do Sul e um ano depois de receber o Prémio Nobel da Paz.

Nelson Mandela passou 27 anos preso devido à sua luta contra o regime fortemente racista de Apartheid da África do Sul, é hoje um símbolo da resistência contra a opressão e a discriminação.

 

Entre 1972 e 1991, Art Spiegelman publica uma série de tiras de BD nas quais entrevista o seu pai, um judeu polaco sobrevivente do Holocausto. Em 1992, Maus é a primeira BD a ganhar um Pulitzer. Livro disponível na Sala Amarela da Biblioteca (Piso 0)

 

 

O cavaleiro da esperança: vida de Luís Carlos Prestes" de Jorge Amado, apresenta a Biografia de um revolucionário brasileiro que lutou contra a primeira ditadura militar vivida no Brasil, foi publicado em 1942 e foi censuradoLivro disponível na Sala Amarela da Biblioteca (Piso 0).

 

Persepolis, de Marjane Satrapi, apresenta a história de uma jovem no Irão e na Áustria durante a Revolução Islâmica.

Uma obra explícita e chocante, cuja controvérsia fez dela uma das obras mais censuradas do mundo, mas cuja qualidade também lhe mereceu diversos prémios e até uma adaptação ao cinema. Livro disponível na Sala Amarela (Piso 0).

 

Utiizando os conflitos socio-politicos que se seguiram às Invasões Napoleónicas como alegoria crítica ao Estado Novo, "Felizmente há luar" de Luís de Sttau Monteiro, foi mais uma das obras censuradas antes do 25 de abril de 1974. É hoje uma dos grandes livros do dramatismo português. Livro disponível na Sala Amarela (Piso 0).

 

Tendo como cenário o Estado Novo de Salazar em Portugal, o fascismo em Itália e a guerra civil em Espanha, Afirma Pereira de António Tabucchi é a história da tomada de consciência de um velho jornalista, que decide não ficar indiferente.

Livro disponível no espaço bookcrossing da Biblioteca (Preguiçodromo | Piso -1).

 

 

"Portugal e o Futuro" foi publicado em fevereiro de 1974 por António de Spínola (1910-1996) que foi governador de Guiné-Bissau (1968-1973) e vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de janeiro a março de 1974, posição da qual foi demitido por questionar o regime. 

Durante a revolução, recebe pessoalmente a rendição de Marcello Caetano e a Junta de Salvação Nacional nomeia-o como Presidente da República. Ocupa o cargo entre maio e setembro de 1974. Ficando descontente, também, com o novo regime em 1975 lidera um golpe militar fracassado e passa por um exílio breve, regressando ao país em 1976.

 

 
"A Laranja Mecânica" de Anthony Burgess é uma sátira distópica sobre a vida e atividades de um delinquente adolescente. A primeira parte foca-se nos atos de violência e abuso gratuitos do seu gangue; a segunda, na sua sentença pelo Estado e as experiências a que é sujeito; a última, nas consequências das suas ações, bem como os danos psicológicos causados pelas experiências do governo. No último capítulo, o protagonista decide abandonar a sua vida imoral. Este final foi omitidido das versões americanas da obra até 1986, sendo ignorado também pela adaptação ao cinema por Kubrick. A obra foi alvo de censura várias vezes nos Estados Unidos pelo seu conteúdo explícito.