João Paulo Noronha
Paulina Mata
As Algas são os vegetais do mar. Com o advento do modismo das dietas revolucionárias e a mediatização quase endeusante dos seus mentores e gurus, as algas surgem muitas vezes no podium dos novos super-alimentos. A verdade é que as algas são conhecidas e utilizadas em várias partes do mundo desde há milhares de anos. E se até muito recentemente pouco se falava de algas como alimento em Portugal, isso não quer necessariamente dizer que não fossem conhecidas nem consumidas, mas talvez apenas que aqueles que se dedicavam a coligir receitas e a escrever sobre as coisas da alimentação não lhes tenham dado a devida atenção, sendo verdade que existem exemplos vivos de cozinha com algas que vão do Minho até aos Açores. Mas como “águas passadas não movem moinhos”, mais do que olhar para trás, devemos encarar com interesse e seriedade este novo contexto em que para fazer face à escassez dos recursos alimentares terrestres e à iminente crise climática, as algas surgem como uma fonte alimentar alternativa e viável. O Mundo inteiro não vai de repente ver-se obrigado a “ruminar” algas de um dia para o outro, mas à medida que as populações vão tomando consciência de que é preciso recorrer a alimentos alternativos e de que os vegetais do mar são uma opção, nós cozinheiros, profissionais ou de trazer por casa, temos agora a oportunidade de aumentar a nossa paleta de produtos disponíveis de modo a podermos cozinhar com mais variedade e de forma mais saudável. Este manual é muito mais do que uma colecção de receitas. Trata-se de um valioso auxiliar de trabalho para os profissionais de cozinha, uma vez que fornece informação técnica e científica consolidada, que permite a extrapolação dos processos de base de modo a criar novas receitas. É igualmente interessante para os amadores de cozinha na medida em que as receitas são de execução fácil e as algas utilizadas podem ser adquiridas no comércio local. Como cozinheiro, recolector e amante de algas estou contentíssimo com este interesse renovado pelas algas e sobretudo por poder recorrer a este magnífico opúsculo que já mora na minha cozinha.